sábado, 27 de outubro de 2012

Como a Sessão Lúdica pode ajudar no diagnóstico posterior a anamnese:


Como a Sessão Lúdica pode ajudar no diagnóstico posterior a anamnese:
Depois da anamnese, as sessões que usam o lúdico são importantes, pois observam o sujeito em diversas situações e dão suporte às primeiras hipóteses, presentes na relação à queixa apresentada.
Segundo Weiss, autora de um modelo chamado Sessão Lúdica Centrada na Aprendizagem, o lúdico pra coletar dados é um valioso instrumento no diagnóstico, pois ao observar a criança ele vê suas atitudes ao brincar, ficando mais fácil a confirmação ou negação das hipóteses apresentadas na anamnese e o terapeuta se direciona quanto aos testes que serão usados no decorrer das sessões posteriores.
O EOCA, entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem de Jorge Visga , se focaliza sobre a aprendizagem, sobre a investigação do modelo de aprendizagem.
Ao aplicar o modelo da Sessão Lúdica, a possibilidade de contribuição de colher dados para confirmação de hipóteses dentro da queixa na anamnese é bastante grande, pois ali se observa como a criança brinca, se for em grupo se brinca sozinha, ou com os amigos, só meninos ou meninas também, se com muitos ou poucos brinquedos, qual o tipo de brincadeira lhe interessa mais, se é ciumenta com seus brinquedos, se tem organização com os próprios brinquedos. A criança se revela pra o terapeuta
Ali se retrata um pouco da criança na escola, em casa, na sala de aula, na sua vivência, ali ela torna a fantasia a realidade em que ela está vivendo fora dali. Ali é capaz de se capturar grandes hipóteses que ajudaram na reflexão do trabalho de sessões posteriores.
Se for adolescente ou adulto, qual o tipo de lazer mais lhe agrada, com infinidades de jogos qual mais lhe atrai e porque esta atração.  Com o adolescente ou adulto como já disse anteriormente poderá ser utilizado o EOCA em jogos formais como o dominó e o jogo da memória.
No diagnóstico a utilização de situações lúdicas possibilita a compreensão do funcionamento do processo cognitivo, afetivo-social e suas interferências na aprendizagem da criança.
A sessão lúdica diagnóstica se adéqua a faixa etária da criança ou adolescente e se difere da terapêutica por existir limites definidos e podem ser feitas intervenções provocadoras e limitadoras para observação das reações da criança.
Observaram-se crianças mais espontâneas e que se revelavam com ais facilidade.
O material utilizado deve atrair o paciente pela sua utilidade e não por ser diferente do usual. Devem-se observar a escolha do material e da brincadeira, o modo de brincar e a relação que o paciente estabelece com o terapeuta durante as brincadeiras.

A importância do jogo na aprendizagem


A IMPORTÂNCIA DO JOGO NA APRENDIZAGEM

Maria Célia Rabello Malta Campos

O psicopedagogo não interpreta mas deve poder compreender as manifestações simbólicas e procurar adequar as atividades lúdicas às necessidades das crianças.
Qual a importância dos jogos no contexto educacional?
O uso dos jogos no contexto educacional só pode ser situado corretamente a partir da compreensão dos fatores que colaboram para uma aprendizagem ativa. Vemos muitas vezes jogos de regras modificados sendo usados em sala de aula com o intuito de transmitir e fixar conteúdos de uma disciplina, de uma forma mais agradável e atraente para os alunos. No entanto, mais do que o jogo em si, o que vai promover uma boa aprendizagem é o clima de discussão e troca, com o professor permitindo tentativas e respostas divergentes ou alternativas, tolerando os erros, promovendo a sua análise e não simplesmente corrigindo-os ou avaliando o produto final. Isso tudo não é muito fácil de controlar e muito menos de se prever e planejar de antemão, o que pode trazer desconforto e insegurança ao professor. Por isso, ele tende a usar os jogos e outras propostas que potencialmente ativam as iniciativas dos alunos ( como pesquisas ou experiências de conhecimento físico) de modo muito limitado e direcionado e não como recurso de exploração e construção de conhecimento novo. 
A utilização dos jogos pelo psicopedagogo é uma prática?
Dependendo da abordagem e do preparo do profissional, o uso dos jogos em psicopedagogia é um recurso tanto para avaliação e como para intervenção em processos de aprendizagem. Numa abordagem que evita atacar o sintoma de frente, o lúdico é o recurso ideal pois promove a ativação dos recursos da criança sem ameaçá-la. 
Piaget afirma que "O jogo é um tipo de atividade particularmente poderosa para o exercício da vida social e da atividade construtiva da criança", você acrescentaria algo a esta afirmação?
Numa visão psicopedagógica que procura integrar os fatores cognitivos e afetivos que atuam nos níveis conscientes e inconscientes da conduta, não podemos deixar de lado a importância do símbolo que age com toda sua força integradora e auto-terapêutica no jogo, atividade simbólica por excelência. Abrir canais para o simbólico do inconsciente não é só promover a brincadeira de "faz de conta" ou o desenho. Qualquer jogo, mesmo os que envolvem regras ou uma atividade corporal, dá espaço para a imaginação, a fantasia e a projeção de conteúdos afetivos, mais ou menos conscientes, além, é claro, de toda a organização lógica que está ali implícita. O psicopedagogo não interpreta mas deve poder compreender as manifestações simbólicas e procurar adequar as atividades lúdicas às necessidades das crianças. 
Qual a importância dos jogos em grupo? 
Aprender com o outro é mais rápido e mais efetivo porque é mais prazeroso. Uma das coisas que o jogo assegura é esse espaço de prazer e aprendizagem que o bebê conhece mas que a criança perde quando entra na escola. Competir dentro de regras, sabendo respeitar a força do oponente, perceber uma situação sob o ponto de vista oposto ao seu: será que os adultos estão precisando disso hoje em dia? Que tal jogarmos com os professores, na escola, ou com os colegas de trabalho, na empresa, mas de uma forma refletida e não para ficarem "amiguinhos" apenas? 
O jogo auxilia na construção do conhecimento? 
Dependendo de como é conduzido, como procurei mostrar na primeira pergunta, o jogo ativa e desenvolve os esquemas de conhecimento, aqueles que vão poder colaborar na aprendizagem de qualquer novo conhecimento, como observar e identificar, comparar e classificar, conceituar, relacionar e inferir. Também são esquemas de conhecimento os procedimentos utilizados no jogo como o planejamento, a previsão, a antecipação, o método de registro e contagem e outros. 
Como o professor deve escolher os jogos para serem usados em sua sala de aula? 
Conhecendo primeiramente as condições e as necessidades de cada estágio desses esquemas de conhecimento. O que ocupa uma criança de pré-escola ou um garotão de secundário, cognitivamente falando? Não é questão de oferecer jogos diferentes para cada faixa etária (como vem indicado nas caixas de jogos). Jogos com a mesma estrutura podem servir para várias idades se manejamos a sua complexidade, aumentando ou diminuindo o número de informações. Nos jogos de Senha, por exemplo, podemos variar de 3, 4 ou mais, os elementos a serem descobertos, o que resulta numa diferença muito grande de complexidade da tarefa. Se trabalhamos com dois atributos, cor e posição, colocamos mais dificuldade para coordenar as partes no todo, mas se combinamos de saída as cores, a criança só vai se preocupar em achar a seqüência das posições da Senha. Outro aspecto é o nível de abstração em que a criança vai operar: o mesmo jogo pode ser apresentado por figuras ou apenas verbalmente, caso esse em que o poder de abstrair e de conceituar a partir de proposições precisa ser bem maior. 
O jogo sempre foi visto como divertimento, distração, passa-tempo, como é visto no seu trabalho?
Assim mesmo. Se o jogo vira obrigação ou é usado com finalidade de instrução apenas, perde seu caráter de espontaneidade e deixa de ser jogo porque se esvazia no seu potencial de exploração e invenção. Brincar é fundamental. Muitos adultos não sabem brincar, perderam essa capacidade de se descontrair, de se arriscar ou nunca a tiveram e aí fica difícil usar o jogo como recurso tal como eu o entendo. 
O curso "O Jogo e o Aprender" destina-se a quem? 
Aos profissionais que buscam enriquecer seus recursos de trabalho, qualquer que seja sua área de atuação, mais particularmente aos psicopedagogos e aos educadores de qualquer nível.
Qual é o objetivo deste curso?
Procuro desenvolver um modelo de oficina com jogos, de modo que as informações sejam passadas de uma forma ativa, envolvendo os participantes nas atividades com jogos, podendo se perceber jogando, sentindo os desafios e as possibilidades de cada jogo, para poder perceber melhor os processos das crianças e a partir daí criar suas próprias formas de usar o jogo como recurso de aprendizagem.
Quais são os principais pontos trabalhados?
Vou procurar explorar os significados dos jogos, tanto os lógicos como os afetivos, e integrá-los com outras formas de atividade simbólica, principalmente a linguagem oral, a escrita criativa e a escrita formal. Vamos trabalhar com criação de depoimentos, de princípios e de registros esquemáticos para reflexão e sistematização e para desenvolver os esquemas de conhecimento.

Maria Célia Rabello Malta Campos - Pedagoga com especialização em Psicopedagogia, doutoranda e mestre em Psicologia Escolar pelo Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo. Docente na pós-graduação latu-sensu em Psicopedagogia da Universidade Mackenzie (S.P.), da Universidade Católica de Pernambuco (convênio UNICAP - CEPAI), da Faculdade Pio Décimo (Aracaju). Supervisora de estágio clínico e institucional em cursos de Psicopedagogia e para profissionais (educadores, psicopedagogos, psicólogos e fonoaudiólogos). É membro do Conselho Nacional da Associação Brasileira de Psicopedagogia, da qual foi presidente no biênio 93-94. Tem diversos artigos publicados, enfocando a avaliação dos problemas de aprendizagem e os fundamentos teórico-práticos da intervenção psicopedagógica, numa abordagem piagetiana e psicanalítica.