domingo, 24 de junho de 2018

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Diagnóstico e Tratamento dos Problemas de Aprendizagem


O processo de aprendizagem se inscreve na dinâmica da transmissão da cultura, que constitui a definição mais ampla da palavra educação. A partir desta linha de pensamento, atribui-se à educação quatro funções interdependentes. São elas: a. Função mantenedora da educação: a continuidade da espécie humana ocorre através da aprendizagem de normas que regem a ação possível; b. Função socializadora da educação: o indivíduo como ser social, como parte do grupo quando se submete ao mesmo conjunto de normas; c. Função repressora da educação: instrumento de controle que tem por objetivo conservar e reproduzir as limitações que o poder destina a cada classe ou grupo social, segundo o seu papel socioeconômico. Não é reconhecida como repressora na medida em que, através dela, o sujeito torna-se depositário de um conjunto de normas que passa a assumir como sendo sua própria ideologia; d. Função transformadora da educação: revelação, por parte de grupos, de formas peculiares de expressão revolucionária a partir de mobilizações primariamente emotivas advindas das contradições do sistema. Em resumo, em função do caráter complexo da função educativa, a aprendizagem se dá simultaneamente como instância alienante e como possibilidade libertadora. O alcance da psicologia é delimitado aos fatores que determinam o não-aprender no sujeito e pela significação que a atividade cognitiva tem para ele; desta forma a intervenção psicopedagógica volta-se para a descoberta da articulação que justifica o sintoma e também para a contrução das condições para que o sujeito possa situar-se num lugar tal que o comportamento patológico se torne dispensável. A aprendizagem é constituinte de um efeito e, neste âmbito, trata-se de uma articulação de esquemas dividida em 04 dimensões: 1. A dimensão biológica do processo de aprendizagem: dividida em três tipos de conhecimento, a saber, o das formas hereditárias programadas junto ao conteúdo informativo relacionado ao meio de atuação do indivíduo, o das formas lógico-matemáticas que se constroem progressivamente segundo os estádio de equilibração crescente e por coordenação progressiva das ações que se cumprem com os objetos, e o das formas adquiridas em função da experiência, que fornecem ao sujeito informação sobre o objeto e suas propriedades; 2. A dimensão cognitiva do processo de aprendizagem: diferenciada em três tipos, a saber, aquela na qual o sujeito adquire nova conduta baseada no ensaio e erro, a segunda baseada na experiência como função de confirmação ou correção das hipóteses (mecanismos de antecipação e retro-ação capazes de corrigir a aplicação do esquema e promover a acomodação necessária), e por último a aprendizagem estrutural, vinculada ao nascimento das estruturas lógicas do pensamento, através das quais é possível organizar uma realidade inteligível cada vez mais equilibrada; 3. A dimensão social do processo de aprendizagem: compreende todos os comportamentos dedicados à transmissão da cultura exercitando, assumindo e incorporando uma cultura particular; 4. O processo de aprendizagem como função do eu (yo): o ego como estrutura que tem por objetivo estabelecer contato entre a realidade psíquica e a realidade externa. Com relação às condições externas, é comum a criança com problema de aprendizagem apresentar algum déficit real do meio devido à confusão dos estímulos, à falta de ritmo ou à velocidade com que são brindados ou à pobreza ou carência dos mesmos e, em seu tratamento, se vê rapidamente favorecida mediante um material discriminado com clareza, fácil de manipular, diretamente associado à instrução de trabalho e de acordo com um ritmo apropriado para cada aquisição. As condições internas da aprendizagem fazem referência a três planos estreitamente inter-relacionados. O primeiro é o corpo como infra-estrutura neurofisiológica ou organismo que favorece ou atrasa os processos cognitivos e queé mediador da ação. O segundo refere-se à condição cognitiva da aprendizagem, ou seja, à presença de estruturas capazes de organizar os estímulos do conhecimento. E por fim, o terceiro plano se refere às condições internas da aprendizagem que estão ligadas à dinâmica de comportamento. Podemos resumir a definição de ‘condições externas’ como aquelas que definem o campo do estímulo e ‘condições internas’ as que definem o sujeito. Ambas podem ser estudadas em seu aspecto dinâmico, como processos, e em seu aspecto estrutural como sistemas de forma que, a combinatória de tais condições nos leva a uma definição operacional da aprendizagem, pois determina as variáveis de sua ocorrência. O problema de aprendizagem pode ser considerado como um sintoma, um sinal de descompensação. Assim, o seu diagnóstico está constituído pelo seu significado. Os fatores fundamentais a serem levados em consideração no diagnóstico de um problema de aprendizagem são: 1. Fatores orgânicos: integridade anatômica e de funcionamento dos órgãos, funcionamento glandular, alimentação e condições de abrigo e conforto entre outros fatores; 2. Fatores específicos: refere-se a certos tipos de transtornos na área de adequação perceptivo-motora, em especial aqueles que aparecem no nível da aprendizagem da linguagem, sua articulação e sua lecto-escrita, e se manifestam numa série de perturbações (ex-alteração da seqüência percebida; 3. Fatores psicógenos: problema da aprendizagem pode surgir como uma reação neurótica à interdição da satisfação, seja pelo afastamento da realidade e pela excessiva satisfação na fantasia, seja pela fixação com a parada de crescimento na criança; 4. Fatores ambientais: refere-se ao meio ambiente material do indivíduo, às possibilidades reais que o meio lhe fornece, à quantidade, à qualidade, freqüência e abundância dos estímulos que constituem seu campo de aprendizagem habitual.



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